Ontem foi o aniversário de 45 anos de Kobe Bryant.
Faz 3 anos que o perdemos num trágico acidente de helicóptero, deixando uma lacuna irreparável não só no esporte, mas, na minha opinião, na sociedade em geral.
Traçando uma linha temporal na NBA, tivemos alguns atletas que transcenderam o esporte além das quadras, se tornando gigantes também fora delas.
Os mais impactantes foram Bill Russell, Kareem Abdul-Jabbar, Magic Johnson, Michael Jordan, Allen Iverson e Kobe Bryant.
Bill Russell (1934-2022) é o maior campeão da história da NBA (11x), sendo a liderança absoluta do Boston Celtics.
Ele foi um símbolo da luta contra o racismo e a favor dos direitos civis americanos, desafiando a sociedade racista de Boston. Quando já era uma estrela, chegou a ter sua casa invadida e pichada com ameaças, e foi barrado em hotéis e restaurantes junto aos seus companheiros de time que também eram negros.
Após sua morte em 2022, sua importância era tanta, que o número 6, que Bill carregou por toda sua carreira, acabou sendo aposentado por todos os times da NBA.
Lebron James, atual grande jogador da liga, usava o número 6 e fez questão de abrir mão para homenagear Bill Russell.
O Netflix lançou um documentário muito legal sobre sua vida.
Kareem Abdul-Jabbar (1947) foi amigo e discipúlo de Bill Russell. Nascido “Ferdinand Lewis Alcindor Jr.”, se converteu ao islã, e seguindo os passos de sua outra grande referência, Cassius Clay, vulgo Muhammad Ali, modificou o seu nome, logo após ganhar o primeiro título da NBA pelo Milwaukee Bucks.
Não à toa, seguindo suas referências, Kareem continua um grande combatente contra as desigualdades sociais.
Um fato curioso é que ele era também amigo pessoal de Bruce Lee, com quem participou de uma das cenas mais icônicas de seus filmes.
Kareem possui um blog ativo e muito interessante, onde escreve sobre atualidades da socidade americana e mundial e o mais surpreendente, escreve muito sobre filmes e séries, vale a leitura.
Magic Johnson (1959) foi o primeiro grande astro da NBA, elevando o patamar financeiro e de visibilidade da liga e de todos os jogadores.
Fez parte, junto com Kareem Abdul-Jabbar, do histórico Los Angeles Lakers.
Vivendo uma vida de estrela de Hollywood, Magic acabou sofrendo um baque após anos de curtição.
Já casado, com sua esposa grávida, ele descobriu que havia contraído o vírus da AIDS e passado também para sua mulher.
Lógico que isso interferiu na sua carreira. Aposentou-se prematuramente e sofreu muito com o preconceito da sociedade e mídia americana, e o pior, os próprios jogadores da NBA não o defenderam.
A partir daí, Magic usou de sua influência para buscar tratamento para pessoas com AIDS, bandeira que levanta até hoje.
Ele chegou a voltar a jogar na NBA, mesmo com vários jogadores sendo contra, por acharem que poderiam contrair o vírus ao tocá-lo ou pelo suor.
Ainda assim, Magic Johnson fez parte, talvez, da equipe coletiva mais talentosa de todos os tempos, o Dream Team do basquete, a seleção Americana de 1992, campeã olímpica em Barcelona.
Assista seu documentário incrível na AppleTV
Michael Jordan (1963) já era uma estrela quando Magic Johnson se aposentou. Considerado por muitos, inclusive por mim, o melhor jogador de basquete de todos os tempos.
A mera existência de Jordan foi uma revolução cultural nos EUA. As pessoas começaram a andar igual ele, e todos queriam calçar o Air Jordan (tênis da Nike construído para ele).
Continua sendo o atleta aposentado mais bem pago do mundo.
Não assisti o Jordan jogar, mas ainda sim, continua sendo meu atleta favorito, por duas razões.
Minha geração foi apresentada a Michael Jordan através de Space Jam, filme de 1996, assistido à exaustão pelas crianças da época.
Outra razão por eu gostar tanto de Jordan, é um livro que me marcou muito quando era garoto, “Nunca deixe de tentar”, escrito por ele. Um livro curto que fala sobre o poder do treinamento e conta um pouco de sua trajetória.
Segue o link do livro abaixo.
Allen Iverson (1975) foi um craque, talvez o menor craque da história do basquete (1,83cm). Se aposentou sem ganhar nenhum título, mas foi responsável por mudar a cultura da NBA.
Apesar de não ter a grandeza das outras pessoas desta lista, ele teve uma importância muito peculiar que transcendeu as quadras e atingiu, principalmente, os jogadores da NBA e os amantes de basquete.
Iverson mudou a forma como os atletas se vestiam, os cortes de cabelo e as tatuagens, trazendo a cultura hip hop para o estilo dos jogadores.
Foi o primeiro jogador a usar dreadlocks, jóias e correntes de ouro.
A NBA teve por muito tempo códigos de vestimenta e padronização dos tênis de jogo, e Allen Iverson rompeu esses limites, trazendo consigo, as novas gerações de jogadores.
Kobe Bryant (1978) entrou para NBA no mesmo ano de Iverson, e se tornou uma lenda absoluta do esporte.
Kobe tinha uma cultura acima da média, pois seu pai, Joe Bryant, também foi jogador profissional de basquete, atuando em vários países, fazendo com que Kobe falasse multilinguas, incluindo a fluência em espanhol e italiano.
No youtube é fácil achar alguns vídeos do Kobe falando Chinês e até Esloveno com outros jogadores.
Na passagem de seu pai pelo basquete italiano, Kobe se encantou com um jogador em específico, adversário do seu pai, o brasileiro e lenda do basquete, Oscar Schmidt, o levando como uma grande inspiração para sua carreira.
Por ter uma vida melhor que seus adversários e até companheiros de time, Kobe queria sempre provar que não estava ali por acaso.
Quando ainda era estudante, em determinado ano, Kobe não acertou uma cesta no campeonato inteiro, era um jogador medíocre. Com sua mentalidade determinada e muito treinamento, em dois anos, se tornou o melhor jogador do estado da Filadélfia, chamando atenção dos olheiros da NBA.
Criou a terminologia que se tornou icônica, a “Mamba Mentality”, que segundo ele, era um modo mental que internalizava para manter-se sempre desenvolvendo a melhor versão de si. Kobe acabou lançando um livro de mesmo nome.
Diferente de Michael Jordan, tive o prazer de ver o auge de Kobe Bryant. Minha admiração continuou e aumentou após sua aposentadoria.
Sua determinação foi levada para fora das quadras e, em pouco tempo, ele mostrou do que era capaz.
Além de escritor, se tornou roteirista. Após 2 anos aposentado, criou o curta “Dear Basketball”, vencendo o Oscar de melhor curta animado.
Em pouco tempo, já era claro que Kobe era imparável, e o que nos restava, era esperar e ver onde ele chegaria. Até que o triste dia chegou.
Em 2020, Kobe Bryant sofre um acidente fatal de helicóptero, junto com o piloto e uma das suas filhas.
Ontem ele completaria 45 anos, e eu ainda sinto a ausência dessa referência.
Kobe Bryant tinha a inteligência, energia e as ferramentas necessárias para ser o que quisesse. Escolheu escrever e contar histórias.
A sua própria história terminou sem fim, mas foi uma grande história enquanto durou.
Descanse em paz Black Mamba, seu legado será eterno.